domingo, maio 14, 2006

Eu sou isto...


Seus olhos e seus olhares
Milhares de tentações

Meninas são tão mulheres
Seus truques e confusões

Se espalham pelos pêlos
Boca e cabelo
Peitos e poses e apelos

Me agarram pelas pernas
Certas mulheres como você
Me levam sempre onde querem

Garotos não resistem
Aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu
Sempre tão espertos
Perto de uma mulher
São só garotos

Seus dentes e seus sorrisos
Mastigam meu corpo e juízo

Devoram os meus sentidos
Eu já não me importo comigo

Então são mãos e braços
Beijos e abraços
Pele, barriga e seus laços

São armadilhas e eu
não sei o que faço
Aqui de palhaço
Seguindo seus passos

Garotos não resistem
Aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu
Sempre tão espertos
Perto de uma mulher
São só garotos

Perto de uma mulher
São só garotos


(Leoni)


“Tanks Natxiii”

terça-feira, maio 09, 2006

Palavras foleiras, será???



Isto podia perfeitamente ter sido escrito pela Paula Bobonne...

Hoje assisti a uma interessante conversa de café entre um “beto-construtor” (vulgo queque com a mania que é radical) e um construtor-beto (vulgo um radical com a mania que é menino fino…lol), sobre o que se deve ou não dizer, tipo palavras que se podem dizer duma forma mas que de outras “soa a foleiro”.

Nem costumo ser um gajo muito preconceituoso, mas é certo que por acaso até nasci numa família com determinados valores sociais, de tradição monárquica, com um nível de “conservadorismo” alto (e caricato na minha opinião) e onde me foi incutido um certo e determinado tipo de linguagem que muitos dos com quem me dou não compartilha. Não me importo nada que amigos meus digam essas palavras “feias”, eu não digo, mas lá está, porque me foi ensinado assim!
É como o dar dois beijinhos, eu só dou um (o segundo só se for na boca…lol) mas odeio deixar pessoas penduradas.
Andar de meias brancas é outra, não ando e pronto, mas isso acho mau gosto, enfim!
A alguns ainda digo, olha eu acho foleiro dizer isto desta forma ou “não-sei-quê” de outra forma, mas não obrigo ninguém a mudar porque é mais fino dizer-se aquilo ou aqueloutro. Até porque também digo muita barda…lol…muita merda sai desta boca, tal como agora me sai do cérebro para os dedos.

De qualquer maneira achei giro e parvo (porque até concordo com o corrector, apesar de eu não impor), e vai daí lembrei-me de por aqui algumas das palavras comentadas porque gostei da explicação do “queque” para o “chunga”…lol…infelizmente não tinha gravador na altura para transcrever tudo o que se disse e que era muito parvo, mas vou tentar ser mais ou menos fiel ao que ouvi na altura! Hehe…com isto dou uma facadazinha nos meus amigos que não dizem tudo como eu, mas espero divertir muitos que o dizem também…e ficam a saber que oiço muita conversa de café só para poder escrever coisas parvas quando chego a casa e não tenho nada para fazer…lol.

Ó chunga, não deves dizer vermelho, porque vermelhos são os comunistas e esses roubaram muitas terras à minha família, o certo é dizer encarnado!
(Aqui não errou, é mesmo isso, o dizer ou não vermelho, pode ter conotações politicas a explicação é que é um tanto ou quanto desnecessária).

Ó chunga, não deves dizer sanita, porque isso era uma marca de retretes tal como a sanitana, valadares ou outra qualquer e a pia é o lugar para onde ia antigamente a água do lava loiças e não a da casa de banho.
(Certo, vá lá não lhe terem posto o nome de Hipólito que é o nome de um dos meus melhores amigos e simultaneamente de uma marca de “órinóis” e retretes…lol)

Ó chunga, não deves dizer negro, porque isso é uma coisa escura, a cor é preta e não negra.
(Também não posso comentar, o gajo até tem razão, mas até a mim já estava a irritar)

Ó chunga, não deves dizer lilás ou violeta, porque roxo é que é.
(Aqui não houve mais argumentos…lol…deve ser mais fixe…lol)

Ó chunga, não deves dizer prenda, mas presente! É mais bonito! (Está errado, não se deve dizer prenda porque prenda vem do grego prendere
(não estou certo que se escreva assim, eu sei estas coisas parvas, mas não sou formado em gregas…lol) o que significa ficar preso a, logo se estamos presos a, seja em que sentido for no caso duma oferta, é mau porque não é total, daí dizer-se presente, presenteio a tua, ou a minha estada, seja aqui, seja na vida seja onde for com este presente, és uma “coisa” presente para mim, por isso toma lá…lol).


Ó chunga, não deves dizer automóvel, mas sim carro, automóvel é piroso dizer-se!
(Por acaso eu sempre disse carro não sei porquê, mas sei que correcto, correcto é dizer automóvel, aqui não o entendi).

Ó chunga, não deves dizer rádio, isso é só para as estações, correcto é dizer telefonia! (Certíssimo, já dizia a minha avó e essa não se engana).

Ó chunga, deves dizer por exemplo discoteca e não boíte, esse é o sitio onde trabalham meninas da vida. (Pois, isso é agora, no tempo dos meus pais eles iam à boíte e não à discoteca).

Ó chunga, não deves dizer o comer, mas o jantar ou o almoço, o comer é muito ordinário!
(Bom ordinário ou não, o certo é que é mesmo muito feio…lol).

Ó chunga, não deves dizer aleijei-me, mas magoei-me. É mais bonito.
(Sim muito mais, concordo, mas um gajo quando se magoa quer lá saber se se magoa se se aleija…lol)

Ó chunga, não deves dizer cortinados, mas cortinas!
(Errado, uma coisa é uma coisa, agora uma outra coisa é uma outra coisa…lol…sejamos coerentes meu amigo, coitado do rapaz…lol).

Ó chunga, não deves dizer sabonete mas sabão, também é mais bonito.
(Ao que o chunga deveria ter respondido: Yah, sabonetes apanham os presos…lol…o gajo não se manca, se fosse comigo já tinha levado…lol)

Ó chunga, não deves dizer coêlho, nem espêlho, nem vermêlho, porque isso dizem os do campo! (Pois mas infelizmente para ele nós, os daqui do centro, é que dizemos mal, devíamos saber falar melhor português, mas enfim).

And so on, and so on…a conversa deve ter continuado, mas infelizmente tive que vir embora, foi um curto espaço de tempo, mas ri-me muito interiormente, fez-me bem ouvir aquilo e eles também não disfarçavam muito, foi a conversa mais normal do mundo…lol…espero apanhar mais conversas destas durante as minhas passeatas pela grande Cidade de Lisboa, mas por agora é esta que aqui fica, não na integra, porque é impossível decorar todas, mas algumas das que me fizeram pensar na forma como as digo. Se por ventura me lembrar de mais alguma eu escrevo, acho parvo, logo acho giro, logo escrevo.


tomás pimenta da gama.
baseado numa história verídica e vivida (uma conversa de café…lol)