sexta-feira, outubro 27, 2017

É capaz de saber o psicanalista.




E eu sei lá porque é que sofro?
Só sei que a melancolia existe várias horas do meu dia.
O porquê? Je ne sais pas.
A parte boa? Sinto-me vivo.
A má? A incompreensão.
A ausência de razão deixa-me irritado. Desconforta-me.
Leva-me a criar?
Por vezes sim, verdade.
Por vezes não. Não leva a nada.
Culpa da anestesia dos dias que correm e que deixo fluir nas veias.
Como que um vicio consciente-inconsciente.

Eu sei lá.

terça-feira, agosto 01, 2017

Mentira


Quanto eu fui enterrado vivo, estava longe de saber.
Quando eu fui enterrado vivo, eu estava longe...a adormecer.
Quando eu fui enterrado vivo, estava num sonho feliz.
Quando eu fui enterrado vivo, estava com o meu aprendiz.

Quando eu fui enterrado vivo, de repente veio um calor.
Quando eu fui enterrado vivo, senti-me a perder o amor.
Quando eu fui enterrado vivo, comecei a despertar.
Quando eu fui enterrado vivo, tinha a cabeça a estourar.

Quando eu fui enterrado vivo, comecei a perceber,
Que enquanto estava enterrado vivo, algo estava a acontecer.

E foi ali enterrado vivo, com uma criança no colo,
Que me apercebi da grande mentira, que me estava a atirar ao solo.

terça-feira, abril 11, 2017

Era tipo uma poesia, mas não foi.



Os cabelos e a cabeça molhada na almofada, o corpo comprido, semi-estendido e bocados de pele à mostra, entre o branco dos lençóis.
O banho inesquecível. O amor selvagem durava e não queria acabar. E por fim a conversa que fazia o tempo passar.
Tantos abraços, tantos carinhos, tantos beijinhos e amassos e a conversa que prendia.
O cinema de Chema a Yanes, Kusturica a Godard.
Era tipo uma poesia.

quarta-feira, julho 15, 2015

Rascunho para uma carta de Fundraising

Exmo(a). Sr(a). João Exemplo,

Há alguma coisa pior que perder um filho ou um neto?
Não há nada pior do que ver um filho ou um neto perder-se. 
Esta é uma dura realidade.

Chamo-me Fernando e a história que lhe vou contar, sobre os meus netos Carla e Ballack de 5 anos, é uma história feliz graças a pessoas como você.

Gostava de lhe roubar alguns minutos, para lhe mostrar que, apesar de se calhar nem se aperceber, você também consegue realizar milagres.

Malanza, São Tomé, é o nome da terra onde vivemos. Uma reta e duas curvas. Um sítio calmo, não é como a Cidade, é um sítio onde não se passa muita coisa.

Mas o ano passado aconteceu uma coisa em Malanza: a inauguração da creche. Uma coisa aparentemente normal e pouco digna de nota. Só que não.
Malanza nunca teve escola e nunca teve nada deste género.

Este foi o primeiro ano em que as crianças, que passavam o dia na rua, tiveram uma sala para aprender coisas.

Por exemplo, foi a primeira vez que um pequeno cortejo de carnaval rasgou a estrada que é Malanza e que foi cantar até Ponta Baleia. Nunca ninguém tinha visto isso por aqui.

Lembro-me da cara das pessoas nesse dia…eram caras que diziam: “olha o Ballack afinal sabe portar-se bem”, “olha a Carla já sabe contar”, “que direitinhos e felizes eles vão”. 
Eram olhares de orgulho. 
Porque as pessoas querem a mesma coisa em todo o lado: que os seus filhos e os seus netos sejam felizes, se encontrem e que tenham uma vida melhor que a sua.

E é por isso que hoje lhe escrevo. Não como angariador de fundos, mas como avô. Um avô que sabe que uma pequena ajuda vinda do seu lado, pode fazer uma grande diferença do meu.

Um avô que faz parte da Associação de Pais da Creche de Vila Malanza e que juntamente com o Grupo Comunitário, a Câmara de Caué e os Leigos para o Desenvolvimento procura encontrar todas as formas para que este projeto se mantenha de pé. 
Aí  está o primeiro milagre. 

O lema dos Leigos para o Desenvolvimento é: “o desenvolvimento é o envolvimento de todos.” E isso faz tanto sentido aqui, nesta estrada com duas curvas…

É por isso que lhe peço para pegar no envelope RSFF, enquanto lê estas minhas palavras, para fazer um donativo. Pequeno ou grande de acordo com as suas possibilidades, mas com a certeza de que fará parte da felicidade de alguém. O segundo milagre.

Faça o seu donativo através de cheque, à ordem dos Leigos para o Desenvolvimento (utilize o envelope RSFF em anexo) ou por transferência bancária para a conta da Caixa Geral de Depósitos com o NIB: 0035 0413 00038876730 33. Envie os seus dados pessoais (nome, morada, NIF) e o comprovativo de transferência no envelope RSFF ou por e-mail para geral@leigos.org que eles tratam de lhe enviar um recibo de donativo, dedutível no IRS/IRC.

E eu não lhe roubo mais tempo. Quero apenas agradecer-lhe este bocadinho e agradecer o facto de existirem pessoas como você. Pois foi graças a pessoas assim que este projeto nasceu e que fizeram com que a minha Carla conseguisse ensinar a Dona Maria que nunca tinha aprendido a ler, a decorar o abecedário.



quarta-feira, março 12, 2014

Foi com um grito.



Assim me despertei e comecei a rascunhar o que seria o acordar de um sono trôpego.
Desapegado, vomitei nada e à medida que me ia pensando, recebia palavras que me surgiam.
Ao meu lado e à minha frente, passava o pequeno vestido que me salpicava com sardas enquanto o riso cheio do gordo preenchia a sala.
Vivi durante instantes um pequeno espasmo que fui convertendo em branco e preto.
Na realidade apenas esperava genuflectido por um inglês.

Escrevi tudo, mas já nem sei.

quinta-feira, junho 27, 2013

Desabafo por um amigo.

Senhor, eu sou um grandessíssimo pecador. 
Farto-me de Te chatear com pedidos que maioritariamente nem mereço, e esqueço-me constantemente de Te agradecer todas as graças que me dás.
Mas atende a mais este meu pedido, por favor. 
Olha pelo nosso Zé Maria e ajuda-o a acordar depressa e bem. 
Que se faça a Tua vontade e não minha mas, se possível, afasta da Rita e dos tios este cálice. 
Agarra em algum do sofrimento que a Rita, a família e os outros amigos estão a sentir e deposita-o em mim. 
Não quero ser nem sou super herói, mas todas as bençãos que me tens dado, tenho a certeza, serão mais que suficientes para conseguir aguentar a partilhar o peso desta cruz.





terça-feira, junho 12, 2012

Vão à merda

 
Farto de catastrofistas que fingem dar soluções mas que depois não mexem o cu para fazer nada e só criticam. Gente com boas ideias mas que nunca as põe em prática. Conheço tantos assim... Ao invés disso são catastrofistas indignados que “abancam” à espera que as suas ideias ganhem vida através de outros.
Faz o que eu digo, não faças o que eu faço? Isso já passou à história...a cena é empreendedorismo. A malta tem mesmo é que dar aos pedais.
Comodistas, catastrofistas? Não.
Vão-se faxavore...ou parem de chatear.




 

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Palavra do dia dos meus anos.


Sirac 6,5-17.
Palavras amáveis multiplicam os amigos, a linguagem afável atrai muitas
respostas agradáveis.
Procura estar de bem com muitos, mas escolhe para conselheiro um entre mil.

Se queres ter um amigo, põe-no primeiro à prova, não confies nele muito
depressa.
Com efeito, há amigos de ocasião, que não são fiéis no dia da tribulação.
Há amigo que se torna inimigo, que desvendará as tuas fraquezas, para tua
vergonha.
Há amigo que só o é para a mesa, e que deixará de o ser no dia da desgraça;

na tua prosperidade mostra-se igual a ti, dirigindo-se com à vontade aos
teus servos;
mas, se te colhe o infortúnio, volta-se contra ti, e oculta-se da tua
presença.
Afasta-te daqueles que são teus inimigos, e está alerta com os teus amigos.

Um amigo fiel é uma poderosa protecção; quem o encontrou, descobriu um
tesouro.
Nada se pode comparar a um amigo fiel, e nada se iguala ao seu valor.
Um amigo fiel é um bálsamo de vida; os que temem o Senhor acharão tal
amigo.
O que teme o Senhor terá também boas amizades, porque o seu amigo será
semelhante a ele.


Marcos 10,1-12.
Saindo dali, foi para a região da Judeia, para além do Jordão. As multidões
agruparam-se outra vez à volta dele, e outra vez as ensinava, como era seu
costume.
Aproximaram-se uns fariseus e perguntaram-lhe, para o experimentar, se era
lícito ao marido divorciar-se da mulher.
Ele respondeu-lhes: «Que vos ordenou Moisés?»
Disseram: «Moisés mandou escrever um documento de repúdio e divorciar-se
dela.»
Jesus retorquiu: «Devido à dureza do vosso coração é que ele vos deixou
esse preceito.
Mas, desde o princípio da criação, Deus fê-los homem e mulher.
Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher,
e serão os dois um só. Portanto, já não são dois, mas um só.
Pois bem, o que Deus uniu não o separe o homem.»
De regresso a casa, de novo os discípulos o interrogaram acerca disto.
Jesus disse: «Quem se divorciar da sua mulher e casar com outra, comete
adultério contra a primeira.
E se a mulher se divorciar do seu marido e casar com outro, comete
adultério.»


Da Bíblia Sagrada



Comentário ao Evangelho do dia feito por

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero em Antioquia, depois Bispo de Constantinopla, Doutor da Igreja
Homilia 20 sobre a Carta aos Efésios, 4, 8, 9: PG 62, 140ss. (a partir da trad. Orval)

«O homem deixará seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher, e serão os dois um só.»

O que deves dizer à tua mulher? Diz-lhe com muita ternura: «Escolhi-te,
amo-te e prefiro-te à minha própria vida. A existência presente nada é; por
essa razão, as minhas orações, as minhas recomendações e todas as minhas
acções destinam-se a fazer que nos seja dado passar esta vida de tal
maneira, que voltemos a reunir-nos na vida futura sem qualquer receio de
separação. O tempo que vivemos é breve e frágil. Se nos for dado agradar a
Deus durante esta vida, estaremos para sempre com Cristo e um com o outro,
numa felicidade sem limites. O teu amor arrebata-me mais que tudo, e não
conhecerei infelicidade tão insuportável como a de estar separado de ti.
Mesmo que tivesse de perder tudo, de ser pobre que nem um mendigo, de
passar pelos maiores perigos e de sofrer fosse o que fosse, tudo isso mês
seria suportável desde que o teu afecto por mim não diminuísse. Só com base
neste amor desejo ter filhos.»E convém que adeqúes o teu
comportamento às palavras. [...] Mostra à tua mulher que aprecias viver com
ela e que, por causa dela, preferes estar em casa que na rua. Prefere-a a
todos os teus amigos, e mesmo aos filhos que ela te deu; e que estes sejam
amados por ti por causa dela. [...]Fazei as vossas
orações em comum. Ide à igreja e, ao regressar a casa, contai um ao outro o
que foi dito e o que foi lido. [...] Aprendei a temer a Deus, e tudo o
resto decorrerá daqui, e a vossa casa encher-se-á de inúmeros bens.
Aspiremos aos bens incorruptíveis, que os outros não nos faltarão. Procurai
primeiro o Reino de Deus, e o resto ser-vos-á dado por acréscimo, diz-nos o
evangelho (Mt 6, 33).

quarta-feira, outubro 06, 2010

Rebento


Rebento por dentro. Por dentro mas sem sentido. Rebento de loucura, de exaustão, rebento-me todo, sem sofreguidão. Sou o autor desta merda escrita, este texto birita que me ajuda a solidão.
Esta loucura alcoolizada que me embriaga pelo olhar, mas vem de cá de dentro, vem-me do fundo, vem me do âmago, vem-me do ser. É a loucura que se apodera...
Morro cada vez mais, quando passo estes portais cada vez que aponto o dedo e oiço o “piii” dos demais. Não chego à felicidade assim, vou-me embora mas tenho medo.
E se não corre bem comigo? E se não ganho cheta? Passo o resto da vida a chorar de careta!
Dão-me na cabeça, não que não mereça, mas tentem compreender eu não sou forte, cresci reprimido, sei que sou assim e que não é bonito.
Quero mais, mas porque na pele não sinto? Será cabeça e estou velho ou é apenas o certo? Só quero que saibam que não minto! Pelo menos assim o espero!

sexta-feira, setembro 03, 2010

Tocavas violino como ninguém...


Tocavas violino como ninguém e eu, eu desenrascava no piano. Lembro-me que aquela melodia que era só nossa, que ambos criámos, era a melodia mais bonita do Mundo...
Tocávamos bem os dois, tu melhor que eu mas, fazíamos boa música juntos. Todos gostavam, excepto um ou outro, mas verdade seja dita, todos admitiam que a música era boa...

Houve alturas em que senti que tocavas muito mais que eu. Eu era preguiçoso muitas vezes, mas também era por isso que tu eras melhor a tocar.
Encantava-me ouvir-te a tocar só para mim, sabias?!
Queria acompanhar-te e sentia que não tinha destreza para o fazer...muitas vezes pus em causa as minhas capacidades musicais mas, com a tua ajuda e sem saberes, acabei também muitas vezes por não desistir de tentar...nem tu sonhas as vezes...
Até àquele dia em que deixei de tocar mesmo, lembras-te?! E demorei para voltar a tocar piano outra vez.
Quando voltei a tocar, vinha cheio de vontade de aprender mais! Mas já não ouvia bem os teus acordes...e tu...tocaste-os mais alto para que eu os pudesse ouvir...

Na altura eu não sabia, pois não sou bom músico, pensei que estavas a tocar acordes que eu desconhecia, mas não, tocaste-me uma música com os acordes todos trocados.
A música chegou a ser divinal, confesso...mas os acordes estavam completamente trocados e só eu não me apercebi disso! Era uma música para outros instrumentos...

Agora deixei de tocar de vez!

quarta-feira, agosto 11, 2010

O fio de prata...


Tenho um fio de prata pendurado em mim. Ou por outra, tenho um fio de prata a que estou pendurado. Não na verdadeira acepção da palavra mas, em sentido figurativo, ao que ele representa. Apesar de tudo, esta é uma realidade incontornável bem presente em mim!

Sou sempre eu quem se pendura n'Ele e nunca o contrário!
E quanto aguenta...

Estou pendurado a Ele por um fio? Às vezes sim por culpa minha, mas o tê-lo ao pescoço lembra-me o quanto me liga para além deste fio! É toda uma relação de amor...e é um amor belo! Belo porque vem d'Ele!

Sou-Lhe muito pesado, estou certo... Mas sei que Lhe agrada! Antes pesado que perdido de vez...e afinal, Ele tudo pode e com tudo pode...

Deveria ser mais humilde este fio que é de prata? Talvez de cordel, ou linha?!
Nem por isso...apenas deveria ser mais humilde aquele que o usa...


(Texto escrito de mim, para mim!)

quinta-feira, julho 15, 2010

A primeira carta


“A minha alma está numa tristeza de morte...” (Mt. 25; 13).Foi desta forma que Jesus se dirigiu aos discípulos antes de ir rezar sozinho para o Horto das Oliveiras.Jesus sabia que a sua morte estava para breve, seria capturado nessa noite, condenado e crucificado
no
dia seguinte. Em oração pede ao Pai: “Pai, afasta de Mim este cálice, contudo, faça-se a Tua vontade e não a Minha” (Lc. 22; 42).
“Querida Maria,
Espero que esta carta lhe chegue ao coração.”
Começava assim a carta, com duas das mais conhecidas passagens da bíblia que existem. Uma carta de amor, sentida, desesperada, uma carta que, no fundo, era de esperança, pois o que ele pretendia era que algo dentro dela mudasse.

Começava assim porque, era o que ele rezava no momento e era a estas duas passagens que se tinha agarrado para aguentar este tempo. Começava assim porque…era o que sentia naquele preciso momento.
Precisava de lho dizer. A alma dele também estava numa tristeza de morte, sentia-se a morrer aos bocadinhos.
Combinaram ser sempre sinceros um com o outro e a verdade é que ele não tinha sido a 100%.Agora ia ser muito sincero com ela e dava-lha para que soubesse o que andava a viver nos últimos dias.
Ela conhecia-o, sabia que era orgulhoso e que tinha a mania de se fazer forte, mas ele tinha que confessar o que desde dia 18 de Junho se passava na sua vida.

“Minha querida, eu não gosto de si. Eu adoro-a...e o meu coração não se cansa de mo gritar a alto e bom som. 
Porque é que não lho disse antes? Por achar que estava a fazer bem em deixá-la pensar com mínima influência minha. Agora vejo que errei e que muito provavelmente “chego” atrasado e a perdi para sempre. Estou triste!”
Tiago, referia na carta, sentia que tinha sido feito para amá-la e neste tempo, cada vez mais se vinha a aperceber disso. Talvez ela não tivesse sido feita para o amar a ele, dizia-lhe, mas ele era feliz por ter agora a certeza que precisava, de que foi mesmo feito para a amar. E ia fazê-lo sempre...independente do que ela tivesse decidido, independentemente de ela estar perto, longe, com ele ou com outro - apertava-se lhe o coração só de pensar nisso, mas se ela fosse feliz assim, ele também seria por vê-la feliz.

Não comia, não dormia, não podia ir a lado nenhum porque tudo o fazia lembrar-se dela, era inevitável.

Se isto não era amor, não sabia que outro nome dar-lhe.


“Já viu como eu estou?”, escreveu. “Eu amo-a!”

Amava-a, como nunca na sua vida sonharia amar alguém. Amava como amava os próprios pais ou a sua irmã pequenina.

A
o longo da carta, tentou explicar-lhe que, na verdade, se tinha tentado distrair, que tinha tentado evitar pensar nela e inclusivamente pensou em arranjar outra pessoa que o “distraísse”, mas não tinha dado, não conseguiu. Ninguém chegava à sola dos calcanhares de Maria.

“Eu adoro-a. Tanto.”

Enquanto escrevia, desculpava-se, por apenas lhe estar a dizer tudo agora, provavelmente perdera a oportunidade de a voltar a ter, mas não podia deixar de lho dizer, pois estava a rebentar por dentro e como não se abria com ninguém, ainda lhe custava mais!

Perdera-a, mas pedia a Deus, dentro de si e com todas as forças do seu ser, que “...afastasse de si aquele cálice...”, mas ao mesmo tempo, se desse, que os voltasse a juntar e a fazer felizes.

Será que podiam dar-se ao luxo de desperdiçar uma coisa que lhes havia sido dada por Deus e que os dois sabiam ter sido tão boa, só porque parvos foram e não haviam lutado na altura certa?! Não sabia. Cada vez mais acreditava que não!

Achava que tinham tentado fazer tudo bem, mas que a certa altura haviam “trocado as voltas”..."porque sim", já tinham sido muito felizes um com o outro.

Se não fosse possível ficarem juntos, nem agora nem no futuro...ele aceitaria, “...que se faça a Sua vontade e não a minha...”(!) dizia-lhe, mas sinceramente o que queria mesmo era voltar a imaginá-la mãe dos seus filhos, avó dos seus netos, passar dias no Algarve, Costa Alentejana ou outro lado qualquer com uma família grande à volta...no fundo, o tudo ou nada, desde que juntos. Era mesmo o que mais queria...e rezava por isso.

Escrevia-lhe ainda “a minha alma está numa tristeza de morte”, porque acreditava que deixara passar o tal tempo e que neste momento ela já ultrapassara o sentimento que tinha sentido por ele. E ele sabia ter sido um sentimento forte...porque sentiu-o todos os dias do namoro. Contudo, acreditava mesmo que passara. Houve algumas coisas, reacções, palavras, gestos...que o fizeram acreditar nisso. Mas rezava “Senhor, afasta de mim este cálice”, porque gostava de ter mais uma oportunidade para a fazer feliz. Estando ela em Lisboa, no Brasil ou na “Conchichina”. Era tudo o que mais queria. Dependia de Deus e dela para isso...mas se esta o permitisse...ele lutaria por.

Escreveu-lhe ainda que de qualquer forma, se o que ela queria era acabar tudo o que haviam tido de uma vez por todas, restava-lhe rezar “...que se faça a Sua vontade e não a minha...” e rezar também para que um dia pudesse vir a ser capaz de a fazer muito feliz, não como namorado ou marido, mas como amigo. Era o mínimo que estava à espera, a amizade dela. Pedia-lhe isto pelo ano de namoro e por tudo o que já tinham passado juntos.

Se ela não quisesse, ele aceitaria e afastar-se-ia. Aceitaria e esperaria, quem sabe um dia não viessem a conseguir?

E repetia na carta, que o mínimo por que estava à espera com este “desabafo” em forma de carta era que um dia conseguissem ser amigos.

Não fazia ideia se ela já tinha outro “em vista”, ou se não tinha ninguém, odiava ouvir as pessoas a falar dos dois, porque perguntavam sempre e insinuavam que ela já tinha o tal "outro", que já o tinha trocado (o que lhe custava horrores e engolia em seco), mas queria dizer-lhe que, se tivesse (nem acreditava que estava a escrever isto), preferia sabê-lo por ela. Morreria, de facto era verdade, mas acreditava também que se ela estivesse bem e feliz ele também acabaria por ficar. Ficaria feliz por ela (se a amava, só podia ficar feliz por ela estar feliz, não é?)
A meio da carta, explica-lhe que tem medo de falar com ela. Tinha medo que esta se fartasse dele, como fartou do último namorado e tinha muito medo que o ignorasse como fez com ele. Morria de medo.
L
embrava-se que Maria lhe escrevera uma vez, numa mensagem, que as mensagens dele e os seus telefonemas faziam o seu dia. Ele estava agora disposto a fazer muito mais. A cozinhar, pôr mesas e limpá-las para ela, a levá-la a mariscar sempre que quisesse (um daqueles “vícios” caros que ambos tinham) a fazer os Km’s todos de avião, comboio, carro ou mesmo a pé para ir ter com ela (dois assuntos que levantavam sempre alguma discussão). Tudo isto e muito mais. Porque a amava e porque se apercebera tarde demais de tudo isso. O costume nestas coisas do amor.
Cada vez que via namorados aos abraços e aos beijos, desatava a chorar por dentro, mesmo nas noites ou alturas de maior diversão. Ninguém sabia, ninguém percebia, só ele. Ali.

A partir de agora, dizia-lhe ainda, prometia que iria deixar de ouvir os conselhos espontâneos dos outros (porque muita gente opinava sem que lhes perguntasse nada) e passaria a ouvir mais o seu coração. A partir desta altura, queria “ser mais ele”. Esperava que ela não se importasse, mas ia fazê-lo. É que o seu sofrimento todo estava a tornar o seu coração mais puro, a ver com maior clarividência.

Tiago, acreditava saber o que Maria estava a sentir. Falta de pachorra e de paciência para si, falta de saco. Também já lhe tinha acontecido quando acabara namoros. Mas pelo que tiveram, o ano intenso de namoro, pedia-lhe um bocadinho de esforço.

Como já lhe dissera, não raras vezes, fora de longe a melhor namorada que teve.

terça-feira, abril 06, 2010

Dia da Mulher é quando o Homem quiser!


Porrada... Lá estava ele a encher-lhe a maleta mais uma vez!
Os vizinhos já não aguentavam tanta pancadaria e tanto sofrimento.
Noite após noite, havia gritos e choro que ultrapassava as paredes do prédio. No dia seguinte, as inevitáveis nódoas negras... quando não era um braço ou o nariz partido, a cabeça lascada ou mesmo um traumatismo! Mas ninguém fazia nada. Não havia quem se insurgisse!
Nas escadas do prédio, passava sempre pelos vizinhos de cara em baixo, coitada, dava um “bom dia” envergonhado, pois a impotência face aos actos fazia com que não suportasse o olhar de piedade dos que conviviam com aquela situação, dia após dia, após dia, após dia.
Quase todas as noites levava com cadeiras nas costas ou colheres de pau na cabeça, ou socos, ou bofetadas e pontapés violentos que lhe dilaceravam o corpo e o marcavam exteriormente. Mas era no interior que as marcas mais duravam.

Os vizinhos comentavam uns com os outros e inclusivamente já tinham procurado ajuda para a pobre coitada, mas ela não estava preparada. Quando os serviços sociais lhe bateram à porta, deu graças a Deus interiormente por o marido não se encontrar e “correu” com as simpáticas raparigas que a visitaram assim que lhe foi possível, dizendo que tudo estava bem e que devia haver um engano na morada pois naquela casa tudo se encontrava normal.

Ana Luísa apercebera-se de facto que a “encomenda” vinha dos vizinhos que, tal como ela, já não aguentavam, impotentes, aqueles contínuos maus-tratos.
Ela, por um lado, estava farta de ser saco de pancada e objecto de satisfação das necessidades básicas do marido, António Paulo, mas por outro lado, casara-se nova e sem experiência da vida...e ele dava-lhe casa e não deixava que nada faltasse. Excepto amor!

Queria fugir e não podia, era prisioneira dos seus medos, das suas incertezas. Sofria ainda mais por ser assim...incapaz.

Naquela noite quente de Agosto Ana Luísa não respondeu por si nem foi ela que cometeu o acto.
Após um soco forte que a atordoou e um pontapé nas costas, sentiu-se arrastada para o quarto pela bebedeira do animal.
Atirada para cima da cama, despojada e rasgada, pedia-lhe desculpa, chorava e sentia que estava a ser castigada, sem se aperceber bem por quê. Que mal tinha feito desta vez?!
António Paulo, mandava-a calar, enquanto tirava o cinto, ofendendo-a, e quando o tirou completamente açoitou-a novamente até à iminente inconsciência.
Ana Luísa mal voltara a si e tinha já aquele monstro no meio das suas pernas fracas e doridas. Acordou completamente, com as dores que este lhe provocava e chorava mais alto em silêncio, enquanto era também mordida! As mãos nojentas de António esfregavam-lhe os seios e apertavam-nos, indiferente à dor física que causavam. Violava-a! Penetrava-lhe a carne com a sua, mas mais ainda o espírito lhe roubava, outra vez.

Sem se aperceber como, um extraordinário silêncio envolveu o quarto de repente.
Sentia ainda o nojento em cima de si, mas incrivelmente já não a magoava. Apenas estava.
Livrou-se debaixo do peso morto e notou os milhares de vidros escaqueirados pelo chão.
Ana Luísa nunca mais sofreria.

Por: tomás pimenta da gama
Para: Fábrica de Histórias
http://fabricadehistorias.blogs.sapo.pt/


segunda-feira, abril 05, 2010

Páscoa 2010

E foi neste espírito que vivi a minha Páscoa este ano

Rembrandt - The return of the prodigal son.


quarta-feira, março 31, 2010

Fábrica de histórias - Palavras para uma imagem


Titulo: Ó flor, dá para pôr?


Do alto do andaime, Carlos André e os seus companheiros serventes tinham como passatempo preferido, enquanto efectuavam as tarefas construtivas que a cada um estavam destinadas, a elaboração de piropos para mandar às beldades que por baixo da obra ou à frente desta passavam.

Magras, roliças, altas ou anãs, bonitas ou “escamartilhões”, todas levavam com uma boquinha de fazer corar as bochechas e alguns assobios, tão típicos, duma qualquer obra que por esse Portugal fora se realize. Era uma forma de aliviar o duro trabalho que trolhas, pintores e electricistas tinham a fazer. Não é fácil acartar baldes da massa!
Regra geral, não recebiam respostas aos piropos e sentiam-se protegidos pelas densas redes verdes que tapavam a obra, portanto era costume ouvir-se volta não volta um “olha lá, tu és da tmn? É que esse corpinho é um Mimo”, ou ainda um “com esse corpinho, fazia-te um vestido de saliva!” ou até mesmo um “ó estrela, queres co’meta?”.
Trocadilhos muito belos, que todos os trolhas julgavam ser verdadeiras pérolas para estas raparigas.
Costumavam inventá-los durante as suas horas de devorarem o farnel ou depois destas, quando faziam a digestão à base dum café com cheirinho ou um “copo de três” de vinho tinto, seguido dum bagaço que aconchegava o estômago.

Carlos André era o mais espontâneo, já inventara frases que ficariam para a história e todos gostavam que puxasse pela cabeça de forma a inventar nova chalaça.
As de maior sucesso, “Ó menina, vai para Roma ou vai pa’Parma”, “Ó jóia, anda cá ao ourives” entre outras, eram as mais recentes e que saíam com maior frequência.
Carlos, trolha, homem de 25 anos, solteiro e residente na Madragoa, tinha o secreto sonho de encontrar um dia, alguma catraia que lhe desse resposta à altura e jurara a si mesmo que, no dia em que isso acontecesse, desceria do andaime e abordaria a moça, pois acreditava que essa seria a mulher da sua vida.

Certo dia Leonor, moçoila de 21 primaveras, descia a rua de São Bento, vinda da 1800, pastelaria no Largo do Rato, em direcção à casa de sua avó na castiça Praça das Flores, atrás da assembleia da Republica, quando dum prédio, do seu lado esquerdo, ouve a seguinte declaração de amor:
“Ó flor....dá para pôr”?
Leonor, nariz empinado, confiante e destemida, continua a andar e tenta perceber se o engraçadinho se refere a si.
Ao dar-se conta de que mais nenhuma rapariga compartilhava o passeio ou aquele bocado de rua consigo, Leonor, ao seu bom jeito, sorri. Pára. Dá meia volta e volta atrás, subindo ligeiramente a rua, ficando virada de frente para o prédio, olhando-o.
Tenta, mas não distingue qualquer cara, apenas vultos que riam às gargalhadas, por detrás do verde pano que cobria a fachada da obra, com alguns assobios à mistura e uma música pimba de fundo que tocava na telefonia.
Leonor deixa acalmar a risota dos homens, impávida e serena, e do outro lado da rua grita:
- “Anda cá ó ‘jardineiro’ se queres ver quem te parte esse ‘cagueiro’!!!” – aguarda um pouco e por fim continua o seu caminho, deserta de se rir à gargalhada pela estupefacção e inexistência de comentários ou piropos em resposta! Apenas algumas gargalhadas de escárnio se ouviram quando voltou a andar.

Já perto da Assembleia, mesmo antes de dobrar a esquina que vai dar à Praça das Flores, Leonor sente um vulto a passar por si em corrida, mesmo ao seu lado, desenfreado, apercebendo-se no imediato que de um homem das obras se tratava.
O homem pára a uns dois metros dela, quase estatelando-se no chão com a travagem brusca e olha-a de frente, ofegante, fixamente nos olhos.
- Olá, sou o Carlos, és a mulher da minha vida! Como te chamas linda?
- Oi!? Diz Leonor meio assustada e sem perceber patavina da situação.
- Sou o Carlos André, estou à tua espera desde que comecei a trabalhar nas obras e aviso-te já que é contigo que vou ficar. Como é que te chamas? Diz Carlos ainda ofegante.
- Mas tu és bonzinho dessa cabeça? ‘Deslarga-me da mão masé’! Deixa de ser maluco pá. Conheço-te de algum lado? Reage Leonor.
- Desculpa lá miúda, vou te explicar! Fui eu quem te mandou a boca e tu 'conquistastes-me' ca tua resposta! Deixa-me pagar-te o comer! Imploro-te...

Leonor, meio desconfiada ainda, acede ao pedido do rapaz. O estranho rapaz, que naquele dia com um piropo meio ordinareco lhe conquistou a mão!

Hoje foi o dia do seu casamento, 21 de Agosto de 2010, uma festa de arromba aqui na Praça. Namoram mais ou menos desde essa altura. E eu, ainda pequenino, de mão dada à Leonor, assisti a tudo.
Desde o piropo, ao convite para almoçar, entre muitas outras coisas, naquele dia em que a minha irmã encontrou o amor da vida dela.

E pensar que tudo começou com um “ó flor, dá para pôr”!!!

Por: tomás pimenta da gama

sexta-feira, março 26, 2010

Sem Abrigo





"Mais uma vida, que passa a correr.Mais uma ferida, que ficou por ver.Chega à noite no jardim, hoje vai dormir num banco qualquer.Sem amor, sem saída,Esconde o frio numa manta esquecida.Sem calor, já sem vida,Sem saber que chegou o seu dia.
Mais uma história, que ninguém quis ver.
Para quem não olha é fácil esquecer.
Chega à noite no jardim, hoje vai dormir num banco qualquer.
Sem amor, sem saída,
Esconde o frio numa manta esquecida.
Sem calor, já sem vida,
Sem saber que chegou o seu dia.

Sem amor, sem saída,
Esconde o frio numa manta esquecida.
Sem calor, já sem vida,
Sem saber que chegou o seu dia."


Reflexão:
Quando passamos por um sem abrigo, normalmente temos uma de duas reacções possíveis. Viramos a cara e fingimos não ver, como se não existisse! Ou paramos, tomamos atenção, lembramo-nos que está ali uma pessoa que já teve um bilhete de identidade igual ao nosso, que é um ser humano e fazemos algo.
Não podemos ter a pretensão de querer mudar a vida daquela pessoa duma vez, mas o que falta a estas pessoas é a atenção. São pessoas extremamente sós, solitárias.
A nossa importância é sermos especiais no dia dessa pessoa. Termos atenção, perdermos dois minutos a falar com elas e estarmos! Apenas estarmos. Que significa estar a 100%, sem pressas e sem distracções. 2 Minutos fazem a diferença. Que diferença pode fazer no dia destas pessoas...sentirem-se importantes, sentirem-se amadas!

Porque muitas vezes é usado em vícios, custa-nos dar dinheiro?! Tudo bem! Damos uma sopa num café perto.
Custa-nos ver que passam frio ou estão demasiado molhados para passarem a noite em mínimas condições?! Tudo bem! Damos uma camisola que trazemos vestida (temos tantas).
São inúmeras as coisas que podemos oferecer a um sem abrigo que o vão ajudar no imediato e isso importa, mas não nos esqueçamos que o eterno (o que pode fazer diferença ou não no futuro) vale mais e uma palavra de esperança pode fazer ainda mais que uma sopa, um pão ou uma camisola.
Tomás.


terça-feira, janeiro 19, 2010

Exercicio


Um zumbido incessante entupia-lhe os ouvidos e apenas o que ouvia era aquela voz. Rouca e seca.
Ainda não se tinha dado conta que realmente estava vivo. Vivo e bem, excepto a surdez, que era apenas passageira. Quando o choque sonoro é forte pode perder-se a audição, ou pelo menos é essa a sensação.
Haniak aos poucos veio a si, coitadinho, tentando sentir cada parte do seu corpo. Primeiro, os seus pés e mãos em simultâneo, depois a barriga, o pescoço e por fim a cabeça.
Estava bem.
Levantava-se lentamente quando começou a ouvir ao longe os gritos, uns de aflição, outros de ordem, outros de revolta e, concluindo que tudo voltara à normalidade, por fim, abriu os olhos. Era o que sempre lhe custava mais. Abrir os olhos. Tinha medo de os abrir, de ver o que já imaginava pelos gritos do exterior. A devastação.
Começava a habituar-se, apesar dos seus 10 anos.
Mas como pode uma pessoa habituar-se a tanto sofrimento?
É..! É possível e ele, desde os 3 anos, órfão de pais, idade em que começou a ter percepção do que o rodeava, era a prova disso.
A Guerra tinha lhe levado tudo e todos.
Estava só! Especialmente só, desde a partida do avô há uns dois anos atrás, quando um “homem-bomba” se tinha enfiado no mesmo autocarro que o velho.

Titulo:. A voz.

Lista:. (A lista é um conjunto de ideias que ao analisar certa imagem, paisagem, pessoa, acção, etc., me vem à cabeça antes de começar a escrever.); forte, cenário de guerra, depois vendo bem pareceu-me um miúdo pobre com medo do pai; porta; miúdo; tábuas; pedras; barraca; Cabo-Verde; casa sem telhado; preto; branco; medo; pai mau; guerra; choro; Deus.

Por:. Tomás Pimenta da Gama

segunda-feira, março 23, 2009

Sinais de fumo...

Eu sou uma pessoa de sinais, acredito que (como católico) Deus me vai dando sinais, tal como a vida nos vai fazendo o mesmo. Sinais pouco evidentes e aos quais é preciso estar muito atento para que não nos escapem, não nos passem ao lado. Eu julgo que ando a ser “vitima” desses sinais, mas desta vez penso que não estão a ser assim tão subtis, têm me sido atirados à cara e talvez só eu é que não os vejo.

Há umas semanas falei com a minha namorada sobre a possibilidade de irmos para Angola trabalhar. Era uma ideia abstracta e louca que se formava na minha cabeça, mas uma daquelas ideias quase que utópica e que muito provavelmente não passaria de um sonho como tantas outras, mas à qual eu estava a apegar-me com facilidade graças ao meu espirito sonhador, aventureiro e inconsciente!

Isto passava-se a 1ª semana de Março (2009), e foi qualquer coisa falada por alto com a Joana, tipo: “...ah e tal era giro irmos para Angola os dois trabalhar...”!
Para ser sincero, nunca mais pensei no assunto!

Na 2ª semana de Março, ela informa-me que falou sobre essa possibilidade com os pais, à qual responderam muito positivamente.
Mas eu, qual sonhador, dizia-lhe que sim, que também queria e pensava a sério nisso, mas no fundo punha a hipótese “lá...” muito longe das minhas prioridades. Claro que ela percebeu e me chamou a atenção (quase deu em discussão, com ela a acusar-me e bem, de eu não pensar nisto com seriedade e como uma hipótese real), pedindo-me que enviasse uma mensagem através do facebook para os meus amigos que lá trabalhavam de forma a me explicarem um bocadinho como era aquilo. Enviei! Estávamos no dia 16 de Março Segunda-feira. (1º sinal).

No dia 18 de Março (o dia dos dias), abro o meu facebook e recebo a minha primeira resposta, dum amigo que vive em Luanda há cerca de 2 anos, o Miguel Ferreira, que me responde a todas as perguntas que eu havia feito (cheio de piada como é seu apanágio) e que me dá algum animo, pois oferece-se para me colocar o curriculum em circulação nas empresas de lá (2º sinal).

Enquanto vagueava pelo facebook, reparo nos meus amigos que fazem anos, e decido enviar uma mensagem a cada um pelo dia que festejam. Um destes amigos, era o Pedro Froes, que conheço desde miúdo de S. Martinho do Porto e que estudou comigo nos tempos da Faculdade, mas a esse já lá vamos.
A certa altura deparo-me com o link para um artigo escrito pelo irmão do Vasco Fernandes Thomaz, que é sócio de uma agência de publicidade que cada vez tem tido maiores sucessos no país, onde dizia que a Partners, empresa de que é dono, iria abrir juntamente com um parceiro angolano, uma empresa em Angola. A MSTF Partners Angola. (3º sinal e eu à nóia, sem se quer reparar que as coisas me iam sendo atiradas à cara numa sucessão de felizes, ou estranhos, acasos).

Por graça, escrevi na minha página do facebook uns minutos antes, na barra de estado: - “in my mind is Angola, why not?!”

Acabo de ler o artigo e recebo uma mensagem de volta do Pedro, a agradecer ter-lhe dado os parabéns e a perguntar se eu também ia para Angola, a perguntar-me que história era essa. Fiquei parvo, não fazia ideia que ele tencionava ir para lá, e achei piada à coincidência, mas não respondi logo e fui almoçar. (4º sinal?!?!?!).

Fui almoçar a casa dum amigo meu onde costumo ir muito, o João Cabral, e por mais um acaso, falou-se numa prima dele que foi para Luanda com o marido e que estava de volta por qualquer razão de saúde. Perguntei à tia Rita algumas coisas sobre esse assunto e disse-lhe que estava a pensar ir com a minha namorada para lá. De repente a mãe do João, dá-me para a mão uma revista (a Visão) que por acaso eu não tinha comprado por ter achado a capa da Sábado mais interessante nessa semana. O artigo central tinha como titulo: “Vamos todos para Angola” relativo à expatriação de portugueses para aquele país. Comecei a desconfiar que aquilo já eram coincidências a mais para um dia só e parei um bocadinho para pensar. Escusado será dizer que devorei o artigo publicado. (5º sinal)

Resolvi então enviar uma mensagem ao tal amigo, o Vasco, a perguntar o que se ia passar em Angola com a empresa deles ao que ele me responde que era verdade, que iam abrir lá e que quem ia para director geral da empresa era o Pedro Froes, esse mesmo! Bom, caiu-me tudo. (6º sinal e eu já pleno de consciência que algo de estranho me estava a ser “indicado”).

Agradeci ao Vasco e imediatamente mandei nova mensagem do facebook para o Froes entre outras coisas a pedir-lhe o número de telefone, para me aconselhar com ele sobre Angola. Não queria acreditar na quantidade louca de coincidências que se estavam a passar diante da minha vida.

Liguei-lhe no dia 19 de Março ao fim da tarde, e tive uma conversa que embora tenha sido rápida, foi das mais esclarecedoras, para o sentido do “ir”, com ele a dar a maior força a esta minha loucura e a disponibilizar-se para toda a ajuda que eu precisasse daqui em diante. (7º sinal).

Passaram-se dois dias, quase três, até pensar em Angola novamente com a mesma seriedade.

Domingo, confesso que sem muita vontade e cansado do fim-de-semana, fui para a missa das Escravas na Lapa e sentei-me na última fila, encostado à parede do fundo da igreja.
De repente (coincidência maior e 8º sinal) entra o Pedro Froes na igreja. Claro que me voltaram esses pensamentos de Angola novamente e pensei falar com ele mais um bocadinho no fim da missa.
Estávamos na homilia, quando o Padre fez referência à visita do Papa a Angola (9º sinal), e novamente comecei a pensar na série de coincidências que nos últimos dias assaltavam a minha vida e, meio sem convicção, pedi a Deus ajuda e perguntei-Lhe o que queria Ele de mim. Pedi-Lhe para até ao final da missa, se realmente fosse essa a Sua vontade, que me desse mais um sinal, o 10º sinal (como se não bastassem já!), pedi-Lhe uma coisa em concreto, pedi que o Padre falasse mais uma vez em Angola até ao final da celebração para eu ter mais certeza ainda de que estes eram os desígnios d’Ele para mim...

...E não é que o Padre falou mesmo?!

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Há 26 anos a andar na festa!!!

Eventos históricos
1308 - Eduardo II, um dos responsáveis pela divisão do Parlamento britânico entre a Casa dos Lordes e Casa dos Comuns, é coroado Rei.
1551 - Criação da Diocese de São Salvador da Bahia, pelo Papa Júlio III,
1570 - O Papa Pio V excomunga a rainha Isabel I de Inglaterra
1836 - É patenteado o primeiro revólver, pelo norte-americano Samuel Colt.
1870 - Nos EUA, Hiram R. Revels, um membro do Partido Republicano, representando o estado do Mississipi, é o primeiro negro a ser eleito para o Senado. Ele assume o seu posto ao jurar servir no mandato provisório em substituição do Senador Jefferson Davis.
1947 - O Governo português determina que cessem as restrições ao consumo de energia eléctrica, em vigor desde a Segunda Guerra Mundial.
1961 - É assinado o contrato para a construção da Ponte sobre o Tejo António de Oliveira Salazar, em Lisboa, com a United States Steel Export Company.
1991 - Guerra do Golfo: Um missil Scud iraquiano atinge uma base militar americana em Dharan na Arábia Saudita matando 28 marines norte-americanos durante a Guerra do Golfo.
1993 - Kim Yong-sam é eleito Presidente da Coreia do Sul, o primeiro civil a ocupar o cargo.
2005 - Rússia e Irão assinam um acordo de fornecimento de combustível nuclear russo para a futura central nuclear iraniana.

Nascimentos
1643 - Ahmed II, sultão otomano (m. 1695)
1841 - Pierre-Auguste Renoir, pintor impressionista francês (m. 1919).
1842 - Karl May, escritor alemão (m. 1912).
1855 - Cesário Verde, poeta português (m. 1886).
1888 - John Foster Dulles, secretário de estado norte-americano e director da CIA (m. 1959).
1891 - Alfredo Marceneiro, fadista português (m. 1982)
1896 - Alberto da Veiga Guignard, pintor brasileiro (m. 1962)
1902 - Oscar Cullmann, teólogo francês. (m. 1999)
1917 - Anthony Burgess, escritor britânico, Laranja Mecânica, (m. 1993).
1943 - George Harrison, cantor, músico e ex-integrante dos Beatles, (m. 2001)
1944 - António Damásio, neurologista e neurocientista português
1953 - José María Aznar, político espanhol
1981 - Park Ji-Sung, futebolista sul-coreano do Manchester United.
1982 - Tomás Pimenta da Gama, Rei e Senhor, Portugal.

Falecimentos
1558 - Leonor de Áustria, rainha de Portugal e França (n. 1498)
1577 - Erik XIV, rei da Suécia (n. 1533)
1945 - Mário de Andrade, escritor brasileiro (n. 1893)

Feriados e eventos cíclicos
Santa Valburga: virgem e abadessa nascida em Wessex (n. 730) e (m. 799).
Antigo Egito: dia de Nut, deusa do céu e guardiã das estrelas.
Dia da pátria no Kuwait
.
Santos do dia
Santa Valburga; Santo Tarásio; Domingos Lentini.

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Sou um puto irresponsável...


Comecei a trabalhar.
Já trabalhei antes, mas agora é mesmo a sério.
Supostamente passei para um outro patamar da minha vida. Um patamar em que recebo um ordenado, em que tenho que manter uma certa postura e em que tenho responsabilidades que não tinha antes.
Em todos os trabalhos que já fiz, sempre tive um certo grau de responsabilidade, é certo, mas agora há coisas que dependem mesmo do meu bom ou mau desempenho. Sou o responsável pela fluidez da área de Marketing e Publicidade duma empresa e tudo o que faço se repercute noutras actividades/áreas que são importantes para essa empresa.
O estranho disto é que, e ao contrário da maioria dos meus amigos que já começaram a trabalhar à séria, eu sinto-me o mesmo puto irresponsável que me sentia quando os trabalhos que realizava não passavam de promoções ou coordenação de trabalhos de “hospedeiras”.
Tenho que manter a tal postura mais séria e calma (os meus colegas não me conhecem mesmo) mas no fundo é uma postura que não é bem a minha.
Não consigo deixar de pensar que só trabalho para viver! Há aqui gajos que vivem para trabalhar.
Eu não! Eu continuo a querer é festa, rebuliço, forrobodó!
Ando a reprimir durante toda a semana esta ânsia infantil de gritar, falar alto, “apalhaçar”, preciso mesmo das “minhas parvoíces”, a minha vida gira em torno de parvoíces, é assim que gosto de viver.
O Ordenado sabe-me bem, ó se sabe. Mas sinto-me a viver uma vida que não é a minha e ainda não percebi se estou feliz.
Não faço tudo o que gosto, mas gosto de tudo o que faço, apenas não percebi se é mesmo este o meu caminho.
O Arco Íris tem muitas cores que vão do mesmo ponto de partida ao mesmo ponto de chegada (a minha realização), sendo cada cor um caminho, ainda não percebi se estou na cor certa. Umas são mais rápidas outras mais compridas mas sei que, independentemente da cor em que me encontrar, vou lá chegar e encontrar o meu pote de ouro.
Chego ao fim-de-semana e solto-me...Sou mais EU!

quinta-feira, janeiro 31, 2008

Armandinho - Desenho De Deus

Quando Deus te desenhou,
Ele tava namorando.
Quando Deus te desenhou,
Ele tava namorando.
Na beira do mar,
Na beira do mar do amor.
Na beira do mar,
Na beira do mar do amor.

Papai do céu na hora de fazer você,
Ele deve ter caprichado pra valer,
Botou muita pureza no seu coração,
E a sua humildade fez chamar minha atenção.
Tirou a sua voz do própolis e mel,
E o teu sorriso lindo de algum lugar do céu,
E o resto deve ser beleza exterior,
Mas o que tem por dentro para mim tem mais valor.

Quando Deus te desenhou,
Ele tava namorando.
Quando Deus te desenhou,
Ele tava namorando.
Na beira do mar,
Na beira do mar do amor.
Na beira do mar,
Na beira do mar do amor.

Papai do céu na hora de fazer você,
Ele deve ter caprichado pra valer,
Botou muita pureza no seu coração,
E a sua humildade fez chamar minha atenção.
Da estrela mais bonita ao brilho desse olhar,D
iamante verdadeiro sua palavra foi buscar,
O resto deve ser, beleza exterior,
Mas o que tem por dentro para mim tem mais valor.

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Já estava na altura...





Um dia o amor virou-se para a amizade e disse:

- Para que existes tu se já existo eu?

A amizade respondeu:

- Para repor um sorriso onde tu deixaste uma lágrima.

Sem tirar nem pôr! Eu!


LÁRANJINHA
Já é, ou já era?