sexta-feira, junho 23, 2006


Estava na sala sentado na poltrona, apetecia-me fugir. Algo frequente!
Mudei-me para o chão e na carpete me deitei a olhar o candelabro de cristais puros que ocupa o meio do tecto da mesma sala. Apeteceu-me parti-lo, mas não. Levantei-me de ressalto e andei à volta da mesa de pé de galo, situada junto ao sofá, onde por cima do seu tampo de verde veludo, se já jogaram grandes más educações.
Parei um momento. Fiquei junto à escrivaninha e acalmei. Sentei-me na cadeira de pinho, “tinha o rádio ligado e estava à procura duma estação FM, mas de repente deixou de dar sinal e eu pensei que era avaria, por isso continuei a rodar os botões com a cabeça em baixo, ao nível do painel”.
Voltou a irritação. Mandei tudo para o “galheiro” com um soco monumental e, o rádio parou de vez.
Pensei que ia morrer naquele instante.
O meu pai adorava aquela telefonia antiga do tempo dos australopitecos e então ainda me apeteceu partir mais coisas.
Voltei a parar, desta feita junto da janela que dá para a varanda com vista para o Jardim das Amoreiras, com a capelinha do mesmo de fronte.
Olhei as criancinhas que brincavam nos baloiços e no escorrega, rindo e pulando contentes, por não saberem o que a vida lhes reservava. Fiquei triste!
Porque não posso ser como elas? Quero ser criança outra vez! Volta santa inocência, por favor volta!
De súbito, estando eu tão concentrado a olhar as tais “personagens”, a jarra das flores da Companhia das Índias, que a minha avó deu à minha mãe, cai ao chão partindo-se em cacos por causa da rabanada de vento de que foi vitima, tirando-a de cima do seu poiso natural, a televisão, local donde não saía desde que lá fora posta, ai há uns 10 mil anos.
Andei às voltas e voltinhas em redor do cadeirão de meu pai e pensei como estava infeliz.
A minha imaginação levou-me para caminhos pouco singelos como a politica externa, a fome no Dubai, a comunicação global das multinacionais globalizadas e globalizadoras, temas como a filosofia ou a religião afundavam a minha mente num mar de Coca-Cola intoxicado por um produto químico qualquer como forma de atentado para aniquilar nações e acabar com uma marca, posto por um qualquer terrorista sem escrúpulos, vindo de um daqueles países árabes que julgam que o seu Deus lhes pede a guerra e a morte.
Lembrei-me ainda de meditar sobre a história da morte mirabolante do rapaz ostra entre outras e ainda sobre temas de teologia profunda, aprofundando por sua vez a profundeza do catecismo da Igreja católica.
Voltei a mim estava deitado novamente, debaixo do candelabro de cristais puros que ocupa o centro do meu tecto e pus-me a pensar se estaria a ficar louco, mas logo percebi que não.
Agarrei uma mãozinha de madeira, daquelas que servem para coçar as costas e pus-me a abaná-la no ar e aí pensei na lei de Newton, na gravidade e na relatividade, na lei da inércia e outras forças da física. A força é má! Sempre me ensinaram que “F = m.a”, logo a força é “má”!
Estaria alucinado?
Realmente a velha da empregada não pode comigo e poderia muito bem ter-me deitado algo na garrafa de vinho Paço do Conde, colheita de 2002, que bebia e se situava em cima da camilha, ao lado das fotografias da família, só para que pensasse nesse mesmo sentimento de loucura alucinada que me assombrava no momento. Mas também logo me lembrei que não fora essa a causa, a velhaca havia morrido uma semana antes ao debruçar-se pressionando o piano desafinado, fazendo saltar uma das cordas, que se faziam presas às teclas, morrendo de susto com o barulho, por julgar a casa assombrada.
Tentei não pensar mais no assunto, mas não consegui e decidi ir para a cozinha.
Fiz duas torradas e a torradeira fez curto-circuito.

tomás pimenta da gama

quinta-feira, junho 15, 2006

Gato Fedorento - Individuo que é javardola menos em frances

De mijar a a rir...