terça-feira, julho 19, 2005

Marquês de Pombal em 1930???



Quem dera que ainda hoje fosse assim...

Grande grande som...


Favela Chic, aqui está mais um belissimo som, com o melhor do funk, bossa nova e musica preta brasileira. Ao jeito do forró e pagodeira...
Com muitos artistas convidados, é daqueles sons a não perder, muito divertido e muito crítico ao mesmo tempo...
Uma verdadeira surpresa!
Espero que gostem tanto como eu gostei...

segunda-feira, julho 18, 2005

Almada, estás enganado filho...1


Quando nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas; só faltava uma coisa: salvar a humanidade (Almada Negreiros).

O poema de Almada Negreiros, pode-se considerar, apesar de antigo, bastante actual, contudo na minha humilde opinião discordo do mesmo.Por um lado é certo que a humanidade cada vez mais se "afunda" em consumismo, egoismo, indiferença, etc. muito por causa da estratificação e massificação ideológica a que estamos sujeitos nos dias de hoje.Mas a meu ver não é de frases que a sociedade necessita para se salvar.Tentando ser coerente e tentando mostrar carácter , não posso comentar este excerto sem referir aquela que para mim é A Verdade absoluta.Como Católico Apostólico Romano, acredito piamente que A Salvação já nos foi dada a conheçer, já nos foi dada propriamente dita, na hora em que Jesus, pregado na cruz expira, "ressuscitando ao 3º dia conforme as escrituras..."Quando me perguntam se acredito em Deus, respondo que não acredito. Eu sei!!!É para mim uma Verdade "mensurável" no sentido das experiências vividas, logo não a posso ignorar, logo não posso estar 100% de acordo com o autor.

Almada, estás enganado filho...2

Há sistemas para todas as coisas que nos ajudam a saber amar. Só não há sistemas para saber amar (Almada Negreiros).

Relativamente a este verso, também discordo no sentido em que acredito que a Igreja, Corpo de Cristo ou seja nós mesmos, é o tal sistema que me ajuda a saber amar, mas que neste caso sabe e Ama.
O autor na minha interpretação, julga que não existe um caminho directo para o Amor.
Para mim há! É a Igreja Católica Apostólica Romana.
Foi Jesus que na última ceia e no Pentecostes a instituiu, enviando os apóstolos pelo Espirito e continuando-o, pelos séculos dos séculos, até hoje.
E mais, não há forma mais directa de chegar ao Amor que a Eucaristia diária. Ai está o Amor, de Alguém que, de tão grande, se fez tão pequeno.
Compreendi isto quando começei a ir diáriamente ao Seu encontro na Santa Missa , a St. Isabel às 19h30 ou à Universidade Católica com o Pe. Hugo ao meio dia.
Compreendo que a humanidade tenha dificuldade em acreditar Nisto, pois "...é maior a distância que nos separa de Deus, que a que nos separa de um cão..." (João César das Neves).
Para mim trata-se de um acto de fé. Eu acredito, eu sei!
É por estas razões que não consigo concordar com o autor, apesar de compreender o sentido com que escreve.
Não querendo forçar ninguém, pois acredito que cada um tem o seu "caminho", é isto que tento passar e é isto que tento defender "com unhas e dentes", lembrando-me sempre que a minha liberdade, que é enorme, acaba onde começa a do outro/próximo.

quinta-feira, julho 14, 2005

Xavier Rudd, uma bela surpresa das Austrálias....Solace


Grande cd este que conheci dois dias atrás!
Vale a pena para quem gosta do género "surf music", com sons muito tribais e uma batida animada! Vão conhecer...

"Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer"
.
A Análise do poema de uma aluna de 16 anos da Escola C+S da Rinchoa foi aseguinte:
.
Ah Camões,
Se vivesses hoje em dia,
Tomavas uns anti-piréticos,
Uns quantos analgésicos,
E Xanax ou Prozac para a depressão,
Compravas um computador,
Consultavas a página do Murcon,
E descobririas,
Que essas dores que sentias,
Esses calores que te abrasavam,
Essas mudanças de humor repentinas,
Esses desatinos sem nexo,
Não eram feridas de amor,
Mas somente falta de sexo.

terça-feira, julho 12, 2005

Falta de humildade...

Se há coisa que me irrita é ver a falsa humildade das pessoas. Pior ainda ver isso nos meus amigos!
Humildade é saber assumir com "verdadeira verdade" as coisas que sabemos ou não fazer!
Por exemplo, o Cristiano Ronaldo!!!Será que este craque do futebol mundial é humilde? Acho que não! Se lhe perguntam qualquer coisa sobre uma qualquer boa exibição sua, responde que não fez nada demais, apenas trabalha para ajudar a equipa a ultrapassar as dificuldades que se vão apresentando, etc, etc.
Mesmo quando é fundamental para um jogo em que a equipa não corresponde e só ele marca diferença relativamente à sua atitude em campo, realizando "o jogo da vida", ele responde exactamente o mesmo (fazendo parecer decorado).
Falo deste como poderia falar de outro qualquer jogador, mas a realidade é que não percebo porque é que não se assume aquilo em que se é bom?! Isso é humildade também! Agradece-se e diz-se que sim, sem começar está claro com grandes elogios egocentricos, como faz Mourinho. Esse exagera!
Mas no fundo José Mourinho acha que é sem duvida o todo poderoso do futebol, ele não faz por mal, mas um determinado conjunto de situações, campeonatos e prémios, fizeram com que ele começasse a acreditar verdadeiramente que é "indestrutivel".
Humildade é dizerem-me és bom a fazer isto ou aquilo e eu dizer que sim, sou mesmo, obrigado.
Ou dizerem fizeste mal isto ou aquilo e nós respondermos, se for caso, que fizemos o melhor que pudémos, mas realmente não foi suficiente!
Trata-se de assumir!
O problema é que tenho amigos dos dois géneros (Cristiano Ronaldo e José Mourinho).
Uns, "os Cristianos Ronaldos", sendo bons nalguma actividade, disciplina, ou outra coisa qualquer, mostram-se uns coitadinhos e não conseguem assumir que se dão bem nesse campo por julgarem vir a fazer figura de convencidos.
Os outros, "os Josés Mourinhos", acham-se indestrutiveis e completissimos nuns campos quando ainda têm muito que aprender, fazendo a figura (triste) de arrogantes quando às vezes nem o são. Acham-se bons demais para coisas mais pequenas, por julgarem ter atingido um patamar que na realidade ainda não atingiram mesmo.
Qual era o mal do Mourinho vir treinar o Guimarães ou o Setúbal, ou mesmo o Leixões se tivesse a familia a morrer à fome???Nenhum!!!É ai que quero chegar!
Pois, mas tenho amigos que por orgulho não fazem coisas que julgam "mais pequenas" ou menos prestigiantes.
Não sei se me estou a fazer entender, mas é uma coisa que me custa imenso ver nos meus amigos.
Por isso, e apesar de todos saberem como sou, resolvi escrever algumas linhas sobre este tema.
Acho que uma coisa boa em mim, pode ser isso mesmo, perceber no que sou bom e no que sou mau (não desistindo nunca) e assumi-lo sem vergonhas ou falsas modéstias.
Para quem não me conhece, por vezes, faço-me parecer o gajo mais convencido do mundo, mas no fundo sei muito bem "assumir" as coisas boas ou más e esforço-me por tentar ser humilde. Quando alguém que julga conhecer-me bem, me diz que sou convencido, vejo que na realidade ainda não me conhece. Muito do que digo é da boca para fora, mas o verdadeiro "eu" está cá dentro. Eu tenho também que pôr em prática todos estes comentários que fiz nestas linhas, mas conseguir ver isso nos outros é já uma ajuda para o reconhecer em mim e trabalhá-lo.

Para si mãe...texto que ofereci à minha mãe no seu dia!!!

OBRIGADO, MÃE! Como não agradecer, mãe, se é tanto o que é o que oferece e o que semeia no meu ser? Mas como agradecer, mãe, se é tão pouco o que tenho para dizer, para a bendizer? O que o coração sente os lábios não são capazes de balbuciar. Trémulos, hesitam e gaguejam, impotentes para soltar uma palavra ou articular qualquer som. Mas será que existe alguma palavra que consiga dizer o que o coração sente? Dizer "obrigado" é pouco, mas dizer-lhe "obrigado" é tudo o que resta quando tudo já tiver sido dito. Obrigado porque tive na sua vida um lugar para a minha vida, renunciando a tantas coisas boas que poderia ter saboreado. Porque - mais do que isso - fez da sua vida um lugar para a minha. E de muitas maneiras morreu para que eu pudesse viver. Porque não era corajosa, mas teve a coragem de embarcar numa aventura que sabia não ter retorno. Porque não fez as contas para avaliar se a minha chegada era conveniente: abriu simplesmente os braços quando eu vim. Porque não só me aceitou como era, como estava disposta a aceitar-me fosse eu como fosse. Porque diria "o meu filhinho" mesmo que eu tivesse nascido deformado e me contaria histórias ainda que eu tivesse nascido sem orelhas. E me levaria ao colo mesmo que eu fosse leproso. E, mesmo com tudo isso, me mostraria com orgulho às suas amigas. Porque seria sempre o seu bebé lindo. Devo-lhe isso porque, embora não tenha acontecido, sei que o faria. Obrigado porque não teve tempo para visitar as capitais da Europa. Porque as suas amigas usavam um perfume de melhor qualidade que o seu. Porque, sendo mulher, chegou a esquecer-se de que havia a moda. Porque não a deixei dormir e estava sorridente no dia seguinte. Porque foi muitas vezes trabalhar com manchas de leite na blusa. Porque me sossegou dizendo "não chores, filho, que a mãe está aqui", e estar no seu regaço era tão seguro como dormir na palma da mão de Deus. Obrigado porque é pensando em si que posso entender Deus. Obrigado porque não tive vergonha de mim quando eu fazia birras nos museus, ou me enfiava debaixo da mesa do restaurante porque queria comer um gelado antes da refeição. E porque suportou que eu, na adolescência, tivesse vergonha de que os meus amigos me vissem de mão dada ou aos beijinhos consigo na rua. Obrigado porque fez de costureira e aprendeu a fazer bolos. Porque fez roupas e máscaras para as festas da escola. Porque passou uma boa parte dos fins de semana a ver jogos de rugby ou de futebol para que - quando eu perguntasse "viu-me, mãe, viu-me?" - pudesse responder com sinceridade e orgulho "é claro que te vi!". Obrigado por o seu coração ser do tamanho de me ter dado uma irmã.
Como eu seria pobre se não a tivesse! Obrigado pelas lágrimas que chorou e nunca cheguei a saber que chorou. Obrigado porque me ralhou quando me portei mal nas lojas, quando bati os pés com teimosia, quando "roubei" batatas fritas antes de o jantar estar servido, quando atirei a roupa suja para um canto do quarto. Obrigado por me ter mandado para a escola quando não me apetecia e inventava desculpas. E por me ter mandado fazer tarefas da casa que a mãe faria bem melhor e muito mais depressa. Obrigado por ter mantido a calma quando eu num dia de chuva fui consertar a bicicleta para a cozinha, ou quando arranjei amigos de cabelo verde... Obrigado por ter querido conhecer os meus amigos, e por todas as vezes que não me deixou sair à noite sem saber muito bem com quem ia e onde ia. Obrigado porque eu cresci e o seu coração parece ter também crescido. Porque me deu coragem. Porque aprovou as minhas escolhas, e se manteve a meu lado apesar de ter passado a haver a distância. Porque levanta a cabeça - mesmo sabendo que eu estou muito longe - quando vai na rua e ouve alguém da multidão chamar: "mãe!". Obrigado por guardar como tesouros os desenhos que fiz para si na escola quando era, como hoje, o Dia da Mãe. E por ficar à janela a ver partir o carro, quando me vou embora, comovendo-se com os meus sinais de luzes. Obrigado - já agora... - Por não ter esquecido quais são os meus pratos favoritos; pelo meu quarto da sua casa ser uma extensão da minha casa; por ter ainda no mesmo lugar a lata dos biscoitos... Como não agradecer-lhe, mãe, se é tanto o que é o que oferece e o que semeia no meu ser? Dizer "obrigado" é pouco, mas dizer-lhe "obrigado" é tudo o que resta quando tudo já tiver sido dito. Na pobreza dos gestos, e na fragilidade das palavras, nada mais me ocorre que este "obrigado". É pequeno, mas é profundo, caloroso e sincero. Entrego-o no colo de Maria, a Mãe de Jesus, a Mãe das mães. Que ela a abençoe e proteja!·Que ela a conforte e compense por tudo quanto faz, e por tudo quanto é, mãe!


Foi a forma simples para manifestar a minha gratidão à minha e nossas mães! Não deixemos para o futuro o carinho e a gratidão que devemos manifestar às nossas mães. Nessa altura já poderá ser tarde demais. Mostremos-lhe já, hoje, como as nossas mães são importantes e imprescindíveis, como o seu amor sustenta, equilibra e dá força à nossa vida. Pe. Nuno

História:
Ana foi renovar a sua carta de condução. Pediram-lhe para informar qual era a sua Profissão. Ela hesitou, sem saber bem como se classificar."O que eu pergunto é se tem um trabalho", insistiu o funcionário." Claro que tenho um trabalho", exclamou Ana.- "Sou mãe".- "Nós não consideramos 'mãe'um trabalho. Vou colocar Dona de casa", disse o funcionário friamente. Não voltei a lembrar-me desta história até ao dia em que me encontrei em situação idêntica... A pessoa que me atendeu era obviamente uma funcionária de carreira, segura, eficiente, dona de um título sonante.- "Qual é a sua ocupação?" Perguntou!Não sei o que me fez dizer isto; as palavras simplesmente saltaram-me da boca para fora:- "Sou Doutora em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas."A funcionária fez uma pausa, à caneta de tinta permanente a apontar para o ar e olhou-me como quem diz que não ouviu bem... Eu repeti pausadamente, enfatizando as palavras mais significativas.Então reparei, maravilhada, como ela ia escrevendo, com tinta preta, no questionário oficial.- Posso perguntar", disse-me ela com novo interesse,"o que faz exactamente?"Calmamente, sem qualquer traço de agitação na voz, ouvi-me responder:- "Desenvolvo um programa a longo prazo (qualquer mãe faz isso), em laboratório e no campo (normalmente eu teria dito dentro e fora de casa). Sou responsável por uma equipa (a minha família) e já recebi quatro projectos (todas meninas). Trabalho em regime de dedicação exclusiva (alguma mulher discorda???), o grau de exigência é em nível de 14 horas por dia (para não dizer 24 horas).Houve um crescente tom de respeito na voz da funcionária que acabou de preencher o formulário, se levantou e pessoalmente foi abrir-me a porta. Quando cheguei a casa, com o título da minha carreiraerguido, fui recebida pela minha equipa: - uma com 13 anos, outra com 7 e outra com 3. Do andar de cima, pude ouvir o meu mais recente projecto (um bebé de seis meses), a testar uma nova tonalidade de voz.Senti-me triunfante. Maternidade... que carreira gloriosa! Assim, as avós deviam ser chamadas "Doutora-Sénior em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas".As bisavós:"Doutora- Executiva- Sénior". E as tias: "Doutora - Assistente". Mande isto às mães, avós, bisavós e tias que conheça. Uma homenagem carinhosa a todas as mulheres, mães, esposas, amigas e companheiras.Doutoras na Arte de fazer a vida melhor!

Super alho porro...


O choque tecnológico....

Prof. Mariano Gago? É o Zé Sócrates. Oh, pá, ajuda-me aqui. Comprei um computador, mas não consigo entrar na Internet! Estará fechada? Desculpa?.... Aquilo fecha a que horas? Zé, meteste a password? Sim! Quer dizer, copiei a do Freitas. E não entra? Não, pá! Hmmm....deixa-me ver... qual é a password dele? Cinco estrelinhas... Oh, Zé!...Pooooooo....Bom, deixa lá agora isso, depois euexplico-te. E o resto, funciona? Também não consigo imprimir, pá! O computador diz: "Cannot findprinter"! Não percebo, pá, já levantei a impressora, pu-la mesmo em frente ao monitor e o gajo sempre com a porra da mensagem, que não consegue encontrá-la, pá! Pooooooo....Vamos tentar isto: desliga e torna a ligar e dánovamente ordem de impressão. Sócrates desliga o telefone. Passados alguns minutos torna a ligar. Mariano, já posso dar a ordem de impressão? Olha lá, porque é que desligaste o telefone? Eh, pá! Foste tu que disseste, estás doido ou quê? Poooooo...Dá lá a ordem de impressão, a ver se desta vez resulta. Dou a ordem por escrito? É um despacho normal? Oh, Zé...poooooooo....Eh, pá! esquece....Vamos fazer assim: clica no"Start" e depois... Mais devagar, mais devagar, pá! Não sou o Bill Gates... Se calhar o melhor ainda é eu passar por aí...Olha lá, e já tentasteenviar um mail? Eu bem queria, pá!, mas tens de me ensinar a fazer aquelecirculozinho em volta do "a". O circulozinho...pois.... Bom...vamos voltar a tentar aquilo daimpressora. Faz assim: começas por fechar todas as janelas. Ok, espera aí... Zé?...estás aí? Pronto, já fechei as janelas. Queres que corra os cortinados também? Poooo....Senta-te, OK? Estás a ver aquela cruzinha em cima, no ladodireito? Não tenho cá cruzes no Gabinete, pá!... Pooooooo....poooooooo....Zé, olha para a porra do monitor e vê se me consegues ao menos dizer isto: o que é que diz na parte de baixo do écran? Samsung. Eh, pá! Vai para o.... Mariano?... Mariano?...'Tá lá?...Desligou....

segunda-feira, julho 11, 2005


Queridos amigos, este texto foi escrito a propósito de um trabalho que tive que realizar a uma disciplina (Didáctica da escrita criativa) durante o ano passado (2004).Não sei porquê mas hoje voltei a lê-lo e senti uma necessidade enorme de o mostrar (desculpem o egocentrismo). Alterei-o em algumas coisas do original, mas acho que é uma prova do que fiz em Cabo Verde durante o projecto de 2003 e gostava muito que lhe dessem uma vista de olhos e comentassem...Quero com isto incentivar todos quantos queiram, a inscrever-se em associações do género da ASUL ou mesmo particularmente, e investirem neste tipo de projectos. Sim porque é assim que realmente podemos crescer e ser melhores no futuro...(não são balelas)!!!A meu ver basta uma pessoa ou duas para dar amor e um exemplo bastante bom e eficaz, a estas pessoas que no fundo o que mais precisam é isso mesmo amor e exemplos vivos...Beijinhos e abraços e desculpem lá a seca... tomás pimenta da gama.

Por: Tomás Pimenta da Gama
Tema: Uma experiência da vida.

E no meio eu…
14 de Agosto de 2003, aeroporto da portela, 22 horas. Trinta e quatro jovens preparam-se para uma experiência que, de certo, vai marcar as suas vidas. Dois meses de total disponibilidade para aqueles que mais necessitam. Desejosos de olhar de frente o rosto de Cristo, através daqueles a quem Ele chama Seus irmãos mais pequeninos, com um espírito de total entrega e amor ao próximo.
14 de Agosto, aeroporto Internacional da ilha do Sal. 00:00 locais.
Após uma viagem de quatro horas, ali estava eu num pais desconhecido e distante, longe da família e de muitos amigos que ficaram para trás. Eu, e mais 29 pessoas que se prepararam comigo para esta aventura missionária.
Agora é tempo de despedidas. Das vinte e nove pessoas que me acompanham só sete fazem Projecto comigo. As restantes vão também ser divididas em grupos mais pequenos.
Comigo vem a Vera, a Inês, a Carolina, a Mariana, a Rita, o Pedro e o Kiko, como chefe de grupo. A expectativa é muita. Isto porque, pela primeira vez, se vai fazer um projecto em São Martinho Grande, uma pequena aldeia a seis quilómetros da cidade da Praia, que é a capital económica de Cabo Verde.
Ainda antes de levantar voo, fazemos os oito uma pequena oração. Juntos pedimos a Deus que nos ajude a ajudar, o máximo que conseguirmos.
Meia hora de viagem. Chegámos ao aeroporto Amílcar Cabral que fica situado no meio duma favela gigante, a própria da cidade da Praia, na ilha de Santiago. E no meio eu.
Entre confusões com a bagagem e más disposições ou sustos pela aterragem, tento ver ao longe um pouco do que me espera.
À saída do aeroporto, estavam a irmã Purificação e o Alibânio, que foram duas das pessoas que mais nos ajudaram durante esta estadia na ilha.
Feitas as apresentações, entramos no carro que nos vai finalmente levar a casa. Esta foi-nos cedida pelo Santo padre Campos, homem de quem muito tínhamos ouvido falar.
Conhecido em toda a ilha de Santiago, pelo seu exemplo de vida e, como muitos mas mesmo muitos dizem, o seu exemplo de santidade.
A passagem pelo centro da Cidade da Praia foi algo que me tocou. Acabado de sair de Portugal, nunca imaginei que fosse possível existir tanta pobreza no mundo. Nenhum lugar do nosso país pode ser equiparado a este amontoado de casas, lixo e desorganização que agora me entra pelos olhos até ao mais profundo da minha alma.
Muita pobreza mas nenhuma miséria. O material que não existe, é substituído pela alegria e hospitalidade de um povo que transforma o pouco em muito.
Pouco dinheiro. Quase nenhum mesmo. Mas muita bondade. Muita mesmo.
Chegados a São Martinho, reparei que a casa onde ia viver nos dois meses que se seguiam era a maior e mais arranjada da aldeia. Fez-me muita confusão. Face ao que até agora tinha visto, esperava ficar alojado num sítio com muito menos condições.
Fomos recebidos com grande euforia por uma outra irmã Espiritana e por uma rapariga de 32 anos, a Cristina, que cedo se veio a tornar a nossa maior amiga e companheira. Foi sem duvida alguma a minha “mãezinha” durante todo este Projecto.
À saída de Lisboa, julgava eu vir transformar o mundo. Com o tempo, facilmente me apercebi que a única coisa que verdadeiramente iria mudar era eu próprio. Porque no meio de tudo estava…eu.
Todos os dias que ali passei, transformaram a minha formação enquanto pessoa. Tenho a certeza que tudo aquilo que aqui ganhei, serão alicerces da pessoa que eu vou ser no futuro.
A nossa missão passava essencialmente por estar! Ao contrário do que sempre imaginei. Estar, porque o realmente importante está em dar aquele carinho, aquele abraço, aquela “festinha” ou aquele beijinho a quem dele mais precisa. E acima de tudo passar a Palavra de Deus. No fundo fazer aquilo que nos diz São Paulo na carta aos Coríntios, Amar porque a maior das três virtudes teologais é a Caridade.
Ser Caridosos passa essencialmente por estar. Não por criar grandes infra-estruturas para que o país se desenvolva. Não!
Isso não deixa de ser importante mas Jesus não veio ao mundo para nos dar coisas para evoluirmos, Ele veio dar o exemplo para que aprendêssemos a ser como Ele! “Se vires um pobre não lhe dês um peixe para comer. Ensina-o a pescar”!
É este o grande Projecto que a ASUL realiza em Cabo Verde. Não queremos mudar o mundo inteiro de uma só vez. Não temos essa prepotência. Queremos antes, através do exemplo, mostrar que mesmo nas piores condições se pode ser feliz. Queremos amar! Ou seja ter Caridade, Esperança e Fé.
Como nos ensina Jesus, o Reino do Céu é dos Seus irmãos mais pequeninos. Não dos que passam a vida a ajudar sem alegria de viver. E muito menos daqueles que tudo fazem com o intuito final de ter assegurado um lugar junto d’Ele.
“Tive fome, deste-me de comer; tive sede deste-me de beber; tive frio, deste com que me aquecer; estive só, fizeste-me companhia; estive preso, foste visitar-me…”
E assim tentei fazer.
Ao longo destes dois meses, quis ser discípulo de Jesus. Colocar-me nas Suas mãos, procurando sempre pensar, em cada situação, qual seria o Seu modo de actuar.
Durante a estadia, levantava-me todos os dias às seis da manhã e assistia à Eucaristia diária celebrada pelo Padre Campos. Tudo o que da sua boca saía, todos os ensinamentos que dele bebi, aumentaram em mim a certeza de estar perante um santo na Terra. Um português de Lousada com 78 anos.
Regressados a casa após a Santa Missa, cheios de Jesus no coração, era altura de tomar um bom pequeno-almoço. Pouco demorado, porque rapidamente tínhamos que sair para as actividades da manhã. Para tal dividíamo-nos em dois grupos.
Como já referi, as actividades eram variadas. Por vezes dava aulas. Estava encarregue das de catequese e consegui ensinar muitas coisas de verdadeiro interesse, como por exemplo os mistérios do Terço. Posso afirmar que não era nada fácil captar a atenção daquelas crianças que só queriam brincadeira com os novos amigos “brancos”. Contudo, e com esforço, lá consegui alcançar aquilo a que me propus.
Foram momentos em que aprendi muito e hoje dou mérito a quem exerce esta profissão com empenho e com paciência. Devo confessar que era algo que por vezes me faltava. As aulas foram também a forma mais fácil de decorar os nomes de todas as crianças com que me cruzei. E não era fácil pois nunca eram as mesmas. Muitas delas levantavam-se bem cedo e passavam a manhã num “vai e vem” sucessivo entre as suas casas e a fonte de água que o Estado construiu no centro da aldeia.
Esta foi, sem dúvida, das coisas que mais me marcou. Ver crianças dos sete aos 18 anos com bidões na cabeça, a peso, para garantir alguma água em suas casas.
Talvez devido a este facto, e por me aperceber da falta de água que existe nesta terra, costumávamos passar entre cinco a sete dias sem tomar banho. Isto, apesar da nossa casa ser a única com água canalizada. Uma atitude que decidimos, não por desmazelo, mas por respeito e por solidariedade a este povo.
Outra das actividades era a visita ao hospital. Aí rezávamos com as pessoas internadas nas variadas unidades. E eram bastantes. Destaco aquelas que mais me chocaram, como a pediatria, a ortopedia, o centro de dia e as infecto-contagiosas. Esta última foi uma daquelas que mais me marcou. Confesso que de inicio me custava e tinha medo de adoecer. Mas o exemplo da Vera foi fundamental para conseguir superar todos os receios. A Vera, desde o primeiro dia, entregou-se totalmente a tudo. Ela tem 29 anos, é cabo-verdiana, mas vive há 21 anos em Lisboa. Talvez por isto, sentisse a verdadeira necessidade daqueles doentes. Ela fez-me ver através dos vários abraços que lhes dava que com a protecção de Deus nada havia a temer. “É bom ser da equipa de Deus…” disse-me várias vezes.
Uma das outras actividades de que gostava era a visita à prisão, onde dávamos apoio humano, através do diálogo, a pessoas que vivem em solidão.
Cheguei a participar em grandes jogos de futebol e a ganhar bons amigos dentro daquelas quatro paredes. No último dia de visitas até nos brindaram com uma grande festa de despedida. Foi impressionante ver que no meio de condenados por homicídios e violações entre outras, existia tanta bondade e tanto carinho por nós e principalmente pelas meninas. Claro! Eu também ganhei uma apaixonada na ala feminina. Aliás saímos todos de Cabo Verde com o ego bastante inchado. Eu, por exemplo, fui pedido em casamento por umas 50 raparigas.
Da parte da tarde, e era talvez as alturas que mais me enchiam, fazíamos campanhas de evangelização. As campanhas eram, nada mais, nada menos, deslocarmo-nos até casa das pessoas, pedir para entrar e rezar um Terço em cada uma delas.
Propus-me no início do Projecto, rezar esta oração em cada uma das cerca de 120 casas da aldeia para ficar a conhecer todas. Houve tardes em que cheguei a rezar 12 Terços. Por incrível que pareça, eu, que até nem achava o Terço uma oração muito interessante em termos espirituais, passei a tê-la como oração preferida.
O Terço é, sem dúvida, uma forma muito boa de chegar às pessoas. Isto porque poucas pessoas não a sabem rezar.
Como acolhedores que são, e talvez isso tenha sido uma das duas coisas que mais me marcou para a vida, sempre que entrávamos numa casa, preparavam-nos um lanche ou jantar. Por variadas vezes, vi-me forçado a comer aquilo que iria ser o jantar daquela família. Era algo muito difícil de aceitar, mas ficavam mesmo muito zangados cada vez que recusávamos alguma coisa. E foi exactamente esta atitude que muito me comoveu. Uma família de 12 pessoas a passar fome uma noite para nos agradar. Mal sabiam que só o abrir-nos a porta nos deixava completamente cheios de alegria. Tive que lidar com esta situação muitos dias da minha estada em S. Martinho.
A única certeza da passagem por esta aldeia, era a hora do Terço de comunidade. Todo o santo dia se rezava o Terço às sete horas, mais coisa menos coisa, e toda a aldeia aderia. Foi emocionante ver 300 pessoas no átrio duma igreja a rezar o Terço connosco e cheias de vontade de ouvir o que tínhamos para ensinar sobre a Palavra de Deus.
De entre todas, aquela situação que mais me marcou foi o ter dado o nome de Sofia a uma recém nascida. Foi um momento de grande alegria pessoal, sentir que uma rapariga de vinte e poucos anos gostava tanto de mim que até pôs a filha com o nome da minha irmã. Eu adorei esse momento. Até ai, ainda não tinha afilhados. Agora tenho. Ainda por cima, com um nome escolhido por mim! Escusado será dizer que a minha irmã chorou “baba e ranho” ao saber da notícia.
Estes dois meses em Cabo Verde foram uma grande experiência. Nunca a esquecerei. Certamente que a contarei aos meus filhos e netos. Mas apenas eu e as sete pessoas que lá estiveram comigo sabem verdadeiramente o que foi. É difícil escrever algo tão grande em tão poucas linhas. Por isso resumi o que consegui.
Mas uma certeza tenho, a maior experiência por que já passei, é toda a minha vida!
Julgo que podemos ter muitas experiências, boas ou más e escolher algumas importantes durante a nossa passagem por este mundo. Contudo, escolher uma em particular, torna-se impossível. Todas são fundamentais, não apenas os dois meses em Cabo Verde, como também o simples acto de dizer bom dia ao acordar ou o atar, ou não, um sapato.
E no meio eu…

tomás pimenta da gama.